Depois de ter feito recentemente o teste à Rockhopper SL em Sintra, o Paulo Guerra dos Santos, engenheiro civil, utilizador de bicicleta e responsável por projectos como os "100 dias de bicicleta em Portugal" ( http://100diasdebicicletaemportugal.blogspot.com/ ) ou as Ecovias de Portugal ( http://www.wix.com/ecoviasportugal/ecovias ) levou esta bicicleta para a cidade. Aqui ficam as suas impressões acerca da experiência de levar a Rockhopper SL para as ruas de Lisboa:
Rock(hopper) in the city, com Paulo Guerra dos Santos
Utilizador:
Paulo Guerra dos Santos tem 38 anos é Mestre em Vias de Comunicação e Transportes e pedala pela cidade. Aos 13 anos começou a pedalar em estrada, em provas da Federação Portuguesa de Cicloturismo. Aos 27 comprou a sua primeira bicicleta de montanha, para voltas em Monsanto.
Em 2008 foi o autor do projecto “100 dias de bicicleta em Lisboa”, altura em que começou a utilizar a bicicleta como meio de deslocação diária para o trabalho, na capital. Em 2010 realizou o projecto “100 dias de bicicleta em Portugal”, numa volta de 4500 km pelo país durante 4 meses. Actualmente explora trilhos e regista-os em GPS criando roteiros turísticos para viagens de longa distância em bicicleta no nosso país, com uma Specialized CrossTrail DeLuxe cedida pela Movefree.
Bicicleta de teste:
A RockHopper SL 17.5 cedida pela Movefree foi testada em dois dias diferentes (dia útil e ao fim-de-semana) numa exploração do seu comportamento em cidade nas calçadas e asfaltos da ciclovia do rio e da zona histórica da velha Olisipo. Tem suspensão dianteira, 9 carretos na roda traseira e 3 pratos na roda pedaleira, desviadores Shimano e travões de disco hidráulicos. Roda 26” de diâmetro com 2.00” de largura. O teste foi feito a 18 e 21 de Janeiro 2012, nas ciclovias e ruas da capital. O destino: a colina da Graça.
Tipo de terreno, andamento, topografia, estado do terreno
Utilizou-se vias urbanas com pavimentos diversos e estados de conservação muito heterogéneos. Tempo seco e fresco. Altitudes variaram desde as zonas baixas e planas junto ao Rio Tejo até à cota 110 metros nas colinas do Castelo e da Graça. Velocidade média a rondar os 15 km/h, em ritmo de deslocação diária para o trabalho ou universidade. Distância total percorrida: 27 km.
Look and feel da
bicicleta
Sendo a minha experiência no dia-a-dia a pedalar numa bicicleta de quadro aberto (tipo holandês) estou habituado a uma posição de condução menos desportiva e mais casual. Na Rockhopper salta logo à vista o quadro fechado de montanha e o sofisticado selim de competição bem como a ausência de porta-bagagens e de outros acessórios como campaínhas e dínamos, o que lhe confere um look sóbrio e atractivo. Ao pegarmos na bici sentimos de imediato o seu baixo peso e nas pedaladas iniciais verificamos que os manípulos das mudanças são suaves e precisos.
À combinação de cores com o preto predominante no quadro sobrepõem-se as linhas e textos a branco identificadores da marca e do modelo, num contraste perfeito com selim e punhos também a branco criando-nos a ilusão de uma peça única, bem equilibrada e algo misteriosa.
Experiência de utilização:
Para quem no seu dia-a-dia veste indumentária casual como calças de ganga e camisolão, o tecnológico selim de competição com que esta máquina vem dotada poderá causar algum desconforto à falta do calção de Lycra almofadado. A solução passa assim por cobrir o selim com uma capa de gel, o que se revela uma mais-valia ao nível do conforto para o traseiro do comum dos mortais. Ultrapassadas as questões logísticas de assento, logo no
arranque cruzo-me com o tradicional eléctrico 18 e respectivos carris. Sendo em regra um ponto de estradas a atravessar com todas as cautelas, rapidamente esta máquina comercializada pela Movefree demonstra que o contrário também pode ser verdade. Os pneus de 2.00” de largura não cabem no carril, ultrapassando facilmente este obstáculo tantas vezes causador de acidentes, sem necessidade de um grande ângulo de viés. A suave e equilibrada suspensão bem como o cardado dos pneus completam este kit de segurança anti-carril.
Seguindo viagem pela ciclovia do rio, cerca de 7 km junto ao Tejo entre o Cais-doSodré e Belém, pedalar por caminhos com pavimentos tão diversos como cimento, calçada fina, calçada grossa, asfalto, lajes de calhaus rolados, relvados e até areia e pedra - naquele que será o último areal em Lisboa - faz-se sem problemas e com suavidade nesta máquina, sem percalços e com total segurança. A presença de lancis não biselados faz-se notar nesta ciclovia, mas com uma bicicleta destas galgá-los é um prazer e chegamos mesmo a desejar encontrar mais obstáculos deste género para brincar com esta menina.
Alcançado com todo o prazer o destino Belém, aguardava-nos agora o derradeiro teste: algumas das históricas colinas. Apesar de dois terços da área urbana da capital serem planos ou com inclinações suaves amigas dos ciclistas, a curiosidade crescia para analisar o desempenho da Rockhopper nas seculares e em alguns casos muito inclinadas ruas alfacinhas de calçada grossa de basalto.
Começamos a pedalar na Baixa e rapidamente passamos pela Sé. A suspensão dianteira mostra-se suave e estável nas subidas e reduz as vibrações transmitidas aos pulsos ao pedalar sobre a calçada antiga. A grande amplitude de desmultiplicações com que a bicicleta é dotada permite subir com esforço controlado. Cada pedalada torna-se um prazer e em menos de 20 minutos chegamos ao topo, sem com isso perdermos o fôlego ou chamarmos nomes feios ao Newton. A Graça e o intimista Miradouro do Monte Agudo são fáceis de alcançar pois com esta bicicleta conquistar as colinas parece uma brincadeira de meninos.
Mas a maior surpresa ainda estaria para vir: a descida. O regresso ao rio fez-se passando pela Feira da Ladra descendo a grande velocidade pela calçada grossa das ruas de Alfama, num ziguezaguear entre carris, eléctricos e turistas surpreendidos à passagem de um ciclista eufórico. Esta é uma bicicleta que nos transmite uma grande sensação de liberdade e segurança, não podendo deixar de dizer que se sente um certo nervoso miudinho e pontuais descargas de adrenalina quando a temos nas mãos.
Componentes
Em geral temos um conjunto equilibrado, com os discos de travão hidráulicos e os desviadores Alivio e Deore comandados por manípulos e manetes bem afinados a proporcionarem uma experiência de condução segura e precisa. A suspensão dianteira regulável com 80 mm de curso não prejudica o desempenho nas subidas e as rodas de 26” mantêm o centro de gravidade/balanço baixo, facilitando as manobras no desvio de obstáculos. O quadro é leve, resistente e com deflexão reduzida.
Esta bicicleta é perfeita para:
Utilizadores exigentes que pretendam ter uma única bicicleta, fiável e robusta para diversos tipos de solicitação, desde a utilização diária como meio de transporte ao todo-o-terreno ou às longas viagens em turismo de natureza. A evoluir: dotar esta máquina com furação facilitadora da montagem de porta-bagagens para suporte de alforges e descanso para paragens. Excelente comportamento a vários níveis: conforto, fiabilidade, agilidade, robustez.