Ricardo Mendes e Filomena Gomes vão pedalar mais de 2 mil km ao longo de 28 dias, pela Patagónia, entre novembro e dezembro de 2012 para angariar fundos para a Operação Nariz Vermelho. E a MoveFree irá apoiar a sua aventura pela Terra do Fogo. Aqui fica uma entrevista a estes dois aventureiros, para os quais "o mundo inteiro está à espera para ser pedalado"!
Antes de mais, porque é que vocês pedalam?
Ricardo :Eu pedalo porque me leva sempre aonde eu quero ir. Viajar tornou-se parte da minha vida; andar de bicicleta faz parte do meu dia-a-dia.
Filomena: Eu pedalo porque pedalar é viajar; pedalar é viver de forma simples e amiga do ambiente.
Como vos surgiu esta ideia de ir pedalar para a Patagónia? E a associação à operação Nariz Vermelho?
R: A Patagónia é um território misterioso e com um forte magnetismo. É um dos locais mais belos do nosso planeta e onde existe uma grande concentração de natureza acessível e pouco explorada.É e foi sempre um dos nossos 1000 lugares a visitar em vida.
F: A nossa associação à Operação Nariz Vermelho (ONV) ocorre porque não queremos guardar a viagem só para nós. Queremos que ela tenha um efeito positivo na comunidade e a melhor forma de o fazer é ajudando quem mais precisa. Os Doutores Palhaços percorrem anualmente nos corredores dos hospitais pediátricos a distância que nós vamos percorrer na Patagónia - 2200kms!
Podem descrever a vossa viagem para os nossos leitores? O que esperam encontrar na Patagónia?
F: A nossa viagem vai começar em Balmaceda (Chile), uma pequena localidade a mais de 2000kms do fim do mundo (Ushuaia-Argentina). Vamos fazer a viagem em 28 dias, em regime de autonomia/auto-suficiência, sem qualquer tipo de apoio e carregando nas nossas bicicletas Specialized tudo o que precisamos para a nossa sobrevivência. Isto não quer dizer que vamos acampar permanentemente; vamos fazê-lo apenas quando não existirem refúgios/hostels onde ficar. Os víveres vamos comprando nas "tiendas" locais à medida que vamos progredindo. Esperamos encontrar uma beleza paisagística inigualável! A Patagónia é um território partilhado entre o Chile e a Argentina, rico em glaciares, natureza no seu estado mais puro e selvagem. Vamos ter de efectuar travessias de lagos e fiordes em embarcações e vamos ter de saltar de país em país várias vezes até entrarmos na Tierra del Fuego, província a sul do estreito de Magalhães e parte integrante da Patagónia argentina, até chegarmos ao fim do continente americano, após o qual só resta a Antártida.
R:Cada quilómetro naquela latitude será um desafio. A autonomia, o isolamento e o percorrer centenas de quilómetros diariamente não nos causa qualquer problema. No entanto, na Patagónia, a natureza tem sempre uma palavra a dizer...
Estão a seguir algum tipo de preparação especial para a viagem? Que tipo de preparativos é que aconselham a quem quiser aventurar-se numa viagem tão longa?
R: Fisicamente estou sempre preparado mas existem componentes que não podemos facilitar. Devemos escolher o melhor material possível, ler relatos de quem já lá esteve para melhor entender a região, etc.
F: A preparação é um elemento permanente nas nossas vidas diárias! Isto porque gostamos e fazemos desporto praticamente todos os dias. Pelo que, entre pedalar, correr, nadar, etc, julgamos e estamo certos de que estamos preparados pra o desafio. Já o desafio mental, de sabermos que haverá muitas incógnitas e variáveis que não podemos controlar (clima, imprevistos) é o maior de todos, mas com determinação e resiliência, estamos preparados para tudo!
Estão a adaptar-se bem às vossas novas bicicletas roda 29”?
F: Estamos literalmente fascinados com a roda 29! Dizer que foram uma agradável surpresa é dizer pouco! Têm enorme manobrabilidade e agilidade, vencem qualquer obstáculo de forma fácil e confortável... em suma: são uma grande mais-valia para a viagem que vamos realizar!
R: Sem dúvida, estão a ser uma grande mais valia. Todos os dias atravesso Monsanto e cruzo a rotunda do Marquês de Pombal para chegar ao Panteão Nacional. Com esta nova bicicleta, pedalo mais rápido e chego menos suado ao meu local de trabalho. Na maior parte das vezes nem noto que vou em "talega". O que eu noto é que ultrapasso mais facilmente os obstáculos, sejam eles citadinos ou não.
Como é que as pessoas podem apoiar a Operação Nariz vermelho no âmbito da vossa iniciativa?
F: As pessoas podem contribuir com donativos simbólicos de 1 eur por cada km que vamos pedalar (num total de 2200eur/kms) ou em pacotes de 5, 10 e por aí fora até aos 100eur, através do link: http://ppl.com.pt/investment/patag-1020. Estão lá indicados todos os passos a seguir.
R: Todo o dinheiro reunido reverte na totalidade para a ONV.
Pretendem repetir este tipo de viagem? Quais os vossos próximos destinos?
R: Todos os anos fazemos viagens de sonho. Estamos a pensar na estrada da amizade, que são 1000kms desde Katamandu a Lhasa. TransAndaluz, Rota da Seda, etc são também outros destinos futuros.
F: Gostaríamos também de ir até ao Tibete, percorrer a estrada mais alta do mundo! E também à Islândia, Marrocos, Turquia, e, claro, o resto da estrada Panamericana (sentido norte) que não vamos agora ter tempo de percorrer na totalidade! Enfim, o mundo inteiro está à nossa espera para ser pedalado!
Querem deixar alguns agradecimentos especiais?
R: Em especial a todos os nossos apoiantes e sponsors que têm acreditado, tal como nós, que podemos converter esta energia em algo muito positivo para as crianças.
F: Os nossos maiores agradecimentos vão para quem está a apoiar com donativos! Depois, a todos os nossos patrocinadores, sem excepção, que nos estão a ajudar a colocar de pé este sonho tornado realidade, e ao mesmo tempo a serem solidários com uma causa nobre a favor das crianças.