Aqui fica o relato na primeira pessoa do Pedro Duque, que se auto-define como um "atleta amador viciado em bicicleta" sobre as suas peripécias no Brasil Ride!
"Começo este texto com um agradecimento à Movefree, em especial aos seus colaboradores da loja no Forum Sintra. Têm sido uma ajuda fundamental e de um profissionalismo espectacular!! Obrigado Pedro, Vanderlei, Rui, Francisco, João.
Este é um testemunho escrito por um atleta amador, viciado em bicicleta e que pretende divulgar as experiências que este desporto lhe tem proporcionado e que espera, sirvam de inspiração a outros em situação semelhante!
Projecto Bike Angels
A equipa Bike Angels é composta por um grupo de amigos, onde me incluo, que tem como hobby pedalar, seja em estrada ou BTT. Com elementos de diferentes quadrantes (músicos, ex-ciclistas profissionais, gestores de empresa). Depois de em 2011 termos participado na prova Titan Desert, no deserto do Sahara, com vitórias em duas categorias, este ano tivemos como desafio o Brasil Ride, na Chapada Diamantina (Bahia). Esta dura prova, em que tive como dupla o Nelson Rosado, divide-se em Prólogo e 6 Etapas, num total de aproximadamente 600 kms e 10.000 m de desnível acumulado positivo (D+).
Além da componente desportiva, o projecto Bike Angels tem a componente solidária como missão. Tem como principal objectivo angariar fundos para o Movimento Bike4Help (www.bike4help.com), constituído pelas Instituições de Solidariedade Social MSV/Casa das Cores, Casa dos Rapazes, Terra dos Sonhos e Instituto da Imaculada Conceição.
2012 - Ano “non stop”
Pessoalmente este foi um ano desgastante, com cerca de 9.000 kms e 65.000 m D+ percorridos até Setembro. Juntamente com esta distância percorrida há-que juntar as horas longe da família e amigos, o deitar cedo pois no dia seguinte há treino, “fechar a boca” para não engordar... Não é fácil e muitas vezes nos questionamos “porquê?”. A resposta está na paixão por este desporto e no facto de termos pessoas que nos apoiam e acreditam em nós!!
Posso dividir 2012 em Pré-Cape Epic e Pós-Cape Epic. Até à prova na África do Sul, tive a companhia do Ricardo Figueira, com treinos praticamente diários e a participação na Andalucía Bike Race. Foi duro mas produtivo! Após o Epic, os treinos tornaram-se mais intermitentes, o compromisso não foi tão grande (até porque entretanto chegaram as férias de verão em família) e o resultado não podia ser outro: 5 kgs a mais em relação a Janeiro, a um mês do Brasil Ride. Seria impossível recuperar o peso até à prova!!
Nas semanas que antecederam a partida para o Brasil tentei fazer uma preparação “express”, com treinos como Sintra-Figueira da Foz em BTT (200 kms, sozinho), Seixal-Terena, Alandroal em estrada com o Nelson (ida e volta, com 360 kms em dois dias) e dois dias na Serra da Estrela (160 kms em BTT), também com o Nelson."
Brasil Ride - Dias prévios
Como sempre, os preparativos foram deixados para as últimas horas em Portugal. A primeira preocupação foi realizar uma lista “to do” para que não esquecesse nada de importante. Uma prova destas implica uma grande logística da nossa parte, que inclui preparar a bicicleta e embalá-la, preparar os equipamentos a utilizar (jersey, calções, meias, luvas, capacete e sapatos), GPS e cinta, protector solar, creme anti-fricção, creme para assaduras, material de substituição para a bicicleta, suplementação, barras, géis, artigos de higiene pessoal, bidões, Camelbak, óculos de sol, medicamentos, ... Um sem fim de coisas e todas elas importantes!!
Curiosa foi a dificuldade de escolha da bicicleta: até ao dia anterior à partida não sabia se levaria suspensão total ou rígida... Pedi várias opiniões e não cheguei a nenhuma conclusão! Optei por levar a Stumpjumper HT S-Works 29” por ter menos peso e querer proteger o joelho direito que começou dar fortes sinais de cansaço na Serra da Estrela.
A partida para Salvador foi no dia 21/9. As viagens trans-atlânticas são um castigo para mim! Não consigo ficar fechado tantas horas, para além do facto de que quando chegamos ao destino estamos “feitos num oito”. Desta vez foi igual... Depois de 8 horas de voo, chegámos a Salvador a meio da tarde. Deixámos as bicicletas no aeroporto pois no dia seguinte iríamos partir dali para Mucugê, na Chapada Diamantina. Em seguida fomos para o hotel tomar banho e jantar um rodízio de carne, com todos os participantes portugueses na prova. A seguir cama, pois o dia já ia longo
Às 6h do dia 22 já estávamos de volta ao aeroporto. Esperavam-nos 9 horas de viagem num autocarro, com paragem para almoço. As bicicletas viajaram num camião, com escolta policial.
A chegada a Mucugê foi já de noite. Havia que montar as bicicletas, fazer o check-in na prova, escolher as tendas para dormir, e jantar (organização não disponibilizou nenhuma refeição aos atletas, mesmo tendo estes realizado a viagem de 9h...)! O dia anterior ao início do Brasil Ride foi tudo menos tranquilo."
- aguardem pelos próximos episódios!!!